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Cláudio, poesia e prosa

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Silêncio

setembro 08, 2024

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Foto de arquivo pessoal

trouxeram-me

outra cerveja

mas a tarde

já se ia

e sem ela

perdia

toda minha interlocução

POEMA

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Verbo móvel

https://pixabay.com/pt/photos/oper%C3%A1rios-trabalhar-duro-funciona-5863460/ que nenhuma palavra seja dita sem que seja sentida e que ela se movimente por entre as mãos que brindam nos bares pelo abraço no fim do dia além do olhar que executa o não após o silêncio dos funerais e que o verbo sintático-móvel-emocional revolucione a massificação se desconecte de todo sofisma televisível se locomova entre estações e plataformas do berço aos altares das vilas aos palácios e que repouse no fim da lida dos tempos sombrios tranquilo satisfeito ciente cientificamente pleno

Silêncio siléptico

um dia acordei sem ti poesia a cama prosopopeicamente pendeu para o lado vazio era o peso da disfemia de tua ausência plurissignificativa era a silepse do teu cheiro sinestésico do teu balbucio reticente onomatopaico um dia você estava outro não sim talvez volte fugaz fugidia fatal difícil ignorar o sumiço polissindético de minhas interpretações sobre o mundo sobre as coisas sobre o nada pergunto-me se um dia realmente esteve comigo poesia ou se não foi apenas divagações entorpecentes dos meus tempos de moço ou talvez uma arrogância acadêmica de intelectual letrado um dia paronomasticamente fiquei distante dos instantes bem longe das reticências dos anacolutos das antíteses dos paradoxos mas esse silêncio siléptico na minha cama no meu quintal à mesa do bar anaforicamente à mesa do bar poesia subjaz o meu grito elíptico por ti pela tua volta pelo teu preenchimento aliterante do meu vácuo verbal

Polímero

Foto de Sued Gomes in:https://www.pexels.com/pt-br/@sued-gomes-97610142/ a carapaça que me revestiu socialmente por muito recobriu o tempo-ser do que quereria ser o que estou sendo hoje epicarpo duro constituído de madrugadas insones fome na barriga portas fechadas noites sem abrigos exoesqueleto quase impenetrável inextirpável camadas de solidão estrato de dores revestimento argamassado de recalques negligência de afetos impermanências enganos palavras duras ausência de ser o que ainda não o era este invólucro no meu tempo-ser de agora é drupáceo abriga as brácteas da vida em cores que tenho pra ser o que sou o que realmente sou película colorida não mais pomo mas endocarpo suculento que recobre este ser feliz insolúvel em lágrimas mas sensível realmente sensível

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