a natureza e o tempo te tingiu
de vermelho
desse vermelho cor de vida
cor das tuas dores
tatuadas no teu corpo já rubro
cor de conquista
pincelada de sorrisos
esse vermelho que empretece
mas que às vezes esmaece
esse vermelho que doura
de acordo com o sol
que te faz ressurgir
todo dia
e que dissocia teus átomos
que te impulsiona
a ser mais sem deixar de ser
o que de si já és
vermelho consubstanciado
de luta e de sonho
vermelho temperado
de trovas e acalantos
dos teus pais sertanejos
vermelho do olhar queimado
pela falta e pela miséria
vermelho descortinado
pelo amarelo da fome
pelo azul de um Céu
impossível das religiões
vermelho das tuas tardes em Sobral
vermelho de tua bandeira comunista
vermelho do ancestral meruoquense
vermelho dos portuários e ferroviários
da cidade vermelha
vermelho que te afirma categórico
que te faz poeta
que te faz desenhar teus sonhos
em papel de mesa de bar
que te faz subir nos palcos
que te faz lecionar
sobre a palavra
e a não-palavra
vermelho das entranhas
do teu nascer
vermelho que te inquieta
vermelho que te tece
na fina teia da vida
vermelho que te faz aberto e forte
vermelho que te torna vermelho
necessariamente vermelho
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