um dia
acordei sem ti
poesia
a cama
prosopopeicamente
pendeu
para o lado
vazio
era o peso da disfemia
de tua ausência
plurissignificativa
era a silepse
do teu cheiro sinestésico
do teu balbucio reticente
onomatopaico
um dia
você
estava
outro
não
sim
talvez
volte
fugaz
fugidia
fatal
difícil
ignorar
o sumiço polissindético
de minhas interpretações
sobre o mundo
sobre as coisas
sobre o nada
pergunto-me
se um dia
realmente
esteve comigo
poesia
ou se não foi apenas
divagações entorpecentes
dos meus tempos de moço
ou talvez
uma arrogância acadêmica
de intelectual letrado
um dia
paronomasticamente
fiquei distante
dos instantes
bem longe
das reticências
dos anacolutos
das antíteses
dos paradoxos
mas esse silêncio
siléptico
na minha cama
no meu quintal
à mesa do bar
anaforicamente
à mesa do bar
poesia
subjaz
o meu grito elíptico
por ti
pela tua volta
pelo teu preenchimento
aliterante do meu vácuo verbal
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