Elos notunos







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as vozes da noite ecoam
descontínuas e confusas
elas se lançam pelo calor bucal
e se atropelam nos muros
da cidade fria

é o acordar da noite 
com suas vozes
embriagadas
de sábado
com suas lâmpadas
soturnamente
insones

mas a cidade aos poucos
ostenta sua evolução
urbanizando-se de carros e motos
acasalando-se a aparelhos digitais
encurvando os queixos
para dentro dos peitos
em constante
transmutação biocibernética

nos becos ainda existem sombras
que se aninham
nas calçadas habitadas pelos cães
e o vento dilacera no vácuo
os gemidos e roncos
do que restou do antigo animal homem


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