Urbes immolatum





aqui me encontro
para me perder
em plataformas ambíguas
sustentadoras de acasos

silenciosos gritos invadem minha poesia
antirromântica
são ecos da cidade construída
na loucura capitalista
no desespero do acúmulo
no limbo vigiado por águias, leões, tigres e dragões

antepassados anteciparam esta coisa sem nexo
chamada supremacia
e vomito sobre a bolha social
os dissabores abaixo das escadas
a poeira requintada do tapete dos gabinetes
a deselegância cruel sob os vestidos de griffe
o fedor fascista da boca em louvor

recolho-me por um momento

um quarto de hora é o suficiente para respirar
o oxigênio dos sábios
guardado nas mochilas sintéticas dos viajantes
resguardado nas mesas dos sebos
aguardados nas estantes das livrarias e bibliotecas
frascos de papel
telas iluminadas
conservam o elixir
contra a massificação

respiro

daqui a pouco pego meu ticket
para embarcar na balsa on road
atravessar rios da desintegração
das almas engaioladas
ovelhas para o abate
zumbis famintos de opiniões
passageiros moribundos
cujos lamentos se apiedam
em mensagens não traduzidas
implorando salvação

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