A dança do destino




Foto de divulgação do balé "Tragédie" de Olivier de Dubois

pisei na costas do destino
transmutado de passado
e ele se revelou
para além dos livros sagrados
calculei seus passos
bebi seu suor
e feito suicida poser
mutilei minhas nádegas
meu membro
meus neurônios
e me atirei do último andar
da desolação

durante minha queda
demônios libidinosos
roçavam-se em sexo
atrás das janelas
lá embaixo via um xadrez
vivo
intenso
eram os homens sedados
de insuficiência da razão

ao cair me fiz de lúcido
e me despi na massa
me alimentei de olhares
me saciei de lágrimas
me satisfiz
com meu próprio sexo
cresci
dilatei-me
degenerei-me
virei o nada
virei os lados
virei o tempo

nos infernos
ele estava lá
o destino
deitado sobre almofadas
seu pênis refestelava-se
sobre um enorme saco
cujas veias latejantes
incandescentes
cegavam as servas
nuas
alucinadas
bailarinas aladas

levantou-se
e lhe concedi uma dança
no salão das memórias
minhas pernas ofegavam
minha pélvis bruxuleava
meus ouvidos enxergaram
os homens e suas batalhas
minhas unhas tocaram
o universo
e ouvi com meus olhos
a Terra incendiada

tentei me acordar
e fui surpreendido
por um beijo de língua gigante
e dormi por sete mil noites

agora estou acordado
e perambulo
pela Wall Street

















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