colorimetria






respiro
a cidade acordada
diluída
cineticamente
em luzes frenéticas
de automóveis e androides

e esse vapor
que ascende até minha janela
qual espectro translúcido
decompõe-se e recompõe-se
em partículas
elétricas
multicolores
ao fundo
ao largo
omnilaterais

vem de lá
os gritos desarmônicos
dos apavorados
pelas ogivas e religiões

vem dali
as ordens mundiais
seus business
em trades
travelling
taking over

vem daqui
os gemidos
dos miscigenados
ainda colonizados
desidentificando-se
desintegrando-se
em ritos
em ritmos
em hábitos
em átomos

transpiro
meus ácidos
precognitivos
sob o abajur triste da sala
fechando a janela
para a cidade cintilante

vou pois
desacelerar-me
desacordando-me
imobilizando-me
tornando-me
em preto e branco
uma imagem simples

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