Meruoca neblinada



cai
sobre os devaneios
do poeta
um finíssimo véu
de infinitos respingos
que se estende
em pedras toscas
dos morros
de ruas
suspendidas
de uma Meruoca
enlodada
soturnamente
guardada
por ela
a noite

cai
pois
a noite
cravejada
de respingos
revelados
à luz persistente
dos postes
magros
e resfriados


cai
densa,
resistente
tua neblina
inclinada
sobre
teus sítios
protegidos
de santos
todos

cai
gélida
noturna
a bruma
sem tréguas
encapando
tuas praças
tuas rochas
teus riachos
tuas matas
tua gente

cai
sonoramente
precipitado
em estridulações
de insetos
de sapos
de cigarras
em sirene
teu sereno
sereno


cai
curva
turva
perene
solene
tua garoa
Meruoca

Comentários