Um abraço de Páscoa




Estamos na vida. Fazemos parte dela. Somos vida.
Parece simples... somos uma vida.
Mas o que é a vida?
Um consequência da natureza, talvez.
Um fenômeno social...
Uma questão econômica, quem sabe...
Um acaso...
ou talvez uma predestinação.

Talvez a definição mais aceita 

seja que a vida 
é uma passagem.

Nesta passagem somos todos viajantes.

Há paradas...
Há avanços...
Há infortúnios.
Há tranquilidades...

Nas paradas refletimos sobre a aceleração humana:
o fogo, a roda, a escrita, a pólvora, 
a imprensa, a eletricidade, a vacina, 
o morse, o braille, 
as ondas eletromagnéticas, a informática...

Nos avanços, não conseguimos parar

e nos sentimos arquitetos da vida,
senhor do tempo,
onipotentes!

E quando vem o infortúnio

descobrimos quão frágil somos...
pobres, perante a falta de dinheiro - instrumento que  tem valor convencionado por a gente mesmo;
impotente diante das águas - gotículas que se avolumam;
corpos desequilibrados diante dos abalos sísmicos - pequenos  deslocamentos de placas 
no interior do planeta;
mamíferos primatas vulneráveis
diante de uma gripe - infecção causada por um ser de complexidade ínfima 
capaz de  se acabar na simples presença do ar. 

A tranquilidade talvez nos espere na próxima parada.

Esperemos a estação seguinte. 
Desceremos lá?
Ou seguiremos a nossa passagem...

Mas alguém vem me falar de uma festa antiga...
Uma festa em que se dançavam de alegria pelos bons frutos na colheita.
Uma festa em que ainda hoje se comemora a liberdade de um povo.
Uma festa pela memória de um homem bom que morreu 
e voltou a viver através de um maravilhoso corpo repleto de luz.

E se esta festa lembra o que é bom,

então é tempo de parar e nos tranquilizarmos...
proponho que olhemos para o outro mais próximo
e lhe demos as mãos como se o retirasse para dançar,
levantemos os braços como se ficássemos livres de amarras
e abracemos o outro como se o enchêssemos de luz , 
uma luz tão forte,
ilimitada,
capaz de atingir os universos 
e participar do nascimento das estrelas!





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