Tony Newman, ator sobralense, faleceu no sábado, dia 19 de abril de 2014. Eu o conheci como Toinho, cantando todo de branco, roupas apertadas, na igreja N.Sra. do Patrocínio, em Sobral. Depois, já Tony Newman, o vi pelo teatro, e nos tornamos amigos. Foi ao Rio. Voltou. E agora o teatro já fazia parte de sua vida. Aqui, minha homenagem, meu jeito de expressar minha enorme dor pela sua morte.
era a Páscoa
católica
mas os sinos
se calaram
porque não
havia permissão
para mais
tocarem
o aleluia
foi interrompido
porque não
havia permissão para cantarem
porque as
gargantas no coral se entalaram
porque todos
os átrios na igreja se fecharam
o sábado
virou sexta
e as cortinas do teatro se rasgaram
e quando os
clowns sobralenses
se maquiavam
uma lágrima
manchou outra lágrima
que já se
havia desenhado nos seus rostos
como um
presságio da noite sem espetáculo
porque não
havia permissão para performances
porque deu
branco nos atores da cidade do arco
porque seus
corpos travaram em pleno palco do São João
porque os
cenários foram removidos antes do fim da cena
porque não
havia mais marcações nem deixas nem sonoplastia
não havia
mais ticket nem bordereau
nem mais
figurinos nem adereços nem ensaios nem estréias
não havia
mais direção nem produção nem mais iluminação
sem aplausos
sem vaias a plateia se despede
e um silêncio
ecoa
do proscênio ao Sumaré
porque um
inesperado black-out finalizou o ato.
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