Rapid Eye Movement


Ontem (19/02/2014) tive um sonho em que sobrevoava pelado uma cidade. Era um vôo veloz. Eu voava (sem asas) de costas para o chão. Logo que sobrevoava edifícios e casas tudo ia se transformando em túmulos. Lembrei deste poema que escrevi em agosto de 1998 (que estava sem título) e resolvi publicá-lo aqui no blog.

Lucian Freud“Naked Man on Bed’, Oil on canvas, 32” X 28”, 1989



Por entre catacumbas
passa um vento
um sonho
e um cheiro
de morte,
mas não morrerei
hoje
sem deixar
um suspiro
de gratidão.
Ventos leves,
cidades nuas,
mulheres amarelas
e um cheiro
de sexo...
Alguém sobe as escadas
e um desejo
de viver
irrompe na barriga do cão.
Quem me beijou
eu ainda não sei
nem sei se saberei.
Há uma mulher
na minha frente
com peitos grandes
e sua mão direita
alisa seu sexo peludo.
Uma mulher gorda.
Ainda não sei quem me beijou...
 Lá fora eu não sei
se há gente
com bandeiras vermelhas.
Dentro de mim
há algo de Adão.
Dentro do estômago
sinto batidas amargas.
Estou de frente
a mim mesmo
e sinto saudades de minha mãe.
Vejo algo de novo
nos meus olhos
e uma dor de não sei do quê.
 Um suor frio
Vem da janela amarela
e a mulher amarela
sua frio nos peitos.
O cheiro de entranhas é forte.
Meu sexo está duro
entre mãos fortes, pesadas, ásperas.
Ainda não vi quem me beijou.
Sei que estou nu
e exalo um cheiro amarelo.
 Alguém subiu as escadas
cheirando a sexo
e me beijou novamente.
Sugou meus lábios
minha boca
minha língua
meu pênis
Vi seu rosto...
não era a mulher gorda
nem minha mãe
nem eu próprio
era o dono do cão.


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