Um poema para uma noite em Sobral




Fecho as portas para o talvez
enquanto as sombras volumosas do Acaraú
deslizam sob as duas pontes
que se arqueiam
entre o meu passado e o para sempre.

Ali, sobre os montes,
habita a brisa de uma saudade frondosa
cujos galhos encadeiam este poema árido
e, eu, além deste calor sertanejo,
sopro, modorrento, um nome inaudível
que se propaga em ondas eletromagnéticas
e transita entre a Sanford e a Carlos Davi.

Atrás das portas
a cidade de Domingos Olímpio
decanta a poeira do estio nordestino
embalada pelo apito de um leve veículo sobre trilhos.
No frechal, por entre as telhas, minha tosse
alivia o silêncio...
mas minhas palavras, em alarde virtual,
não aliviam o mormaço desta noite de outubro.

Fecho, pois, as portas...

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