Na mesa

Hoje cabe um poema aqui
um poema tilintado em xícaras sobre a mesa
alinhavado na máquina singer sobre a mesma mesa
um poema depois do espetáculo
depois do abraço
um poema da calma
reciclado em olhares artísticos
olhares metafísicos
um poema quântico
quase onírico
cinematográfico.

Hoje, a poesia se misturou
em café, açucar e leite
e quase se envenenou
com a notícia de um massacre.
Ela se refestelou na mesa
repleta de xícaras e uma máquina de costura.
Ela tomou leite e conversou
com o pinguim da geladeira.
Olhou-se nas telas de Ed Ferrera
e se machucou nos espinhos do cacto do vaso.

Hoje, não precisou de violão
nem de teus beijos ariscos
para a poesia
que se banqueteou dos objetos do meu ap.


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