Preciso recomeçar

Já fiz duas tentativas de manter um blog, esta é a minha terceira. Essa infinita inquietude das palavras me faz recomeçar sempre. Como posso deixar passar esta oportunidade de levar a alguns internautas o insustentável labor das palavras que me nascem irrequietas nas minhas insônias e pululam no meu cotidiano? Palavras-feto, que tentam romper minha placenta de autor, de artista e de educador, ex-embriões que se alimentavam de verbos, do ratio, do cogito, do divino e da estranheza artística. É hora de parir. Abrir as maravilhosas entranhas dos signos para levar à luz a palavra, a filha de todos, o recém-nascido de 40 anos. Nasce, filha e mãe minha, perante os despertos usuários cibernéticos, diante os devoradores de informações em rede, nasce livre, audaciosa e elegante sob os nutrientes das veias óticas e se propaga ao mundo virtuosa e virtualmente. Nasce louca e comedida, nasce híbrida e singular, nasce hetero, gay e atrevida. Nasce calma e histérica, delirante e racional. Nasce, palavra doida. Nasce palavra bendita com seus arroubos malditos, criatura das madrugadas amargas e cafeinadas. Nasce palavra, insana, pervertida, malovida, sedutora e maníaca. Nasce neste blog invisitável, opaco, estranho e tresloucado. Nasce para a ira dos hipócritas, dos corruptos, dos verdadeiros criminosos, para a ira dos manipuladores. Nasce pela bendita mente de um artista, menino, senhor, poeta, professor, livre, audaz e louco. E quando nascer, palavra minha, grita, berra, rasga a capa emudecida dos desesperançados, dos ludibriados, dos filhos desfigurados e assaltados de sua dignidade. Nasce livre, meu bebê, menininha de colo, nenén... e quando estiver cansada, vou embalá-la sem efeitos de café amargo, sem lágrimas de desencantos, sem revolta... mas depois, certamente, vou acordá-la.

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