É foda



declino meus versos
inúteis
sobre esta coisa
chamada
existência
logo ela
que se encontra
inconstante
entre meus delírios
entre uma taça e outra
entre uns braços e outros
entre umas bocas e outras
entre um minuto
e um século

e jogo desaforado
minhas ideias marxistas
na cara
dos idealistas
bato na cara
bato na porta
pouco importa

volto a me encontrar
no status virtual
num estado de coisas
num estado de espírito
num estado de classes
subclasses
subliminares

e assim
vou abusando
me lambuzando
de clichês
sem porquês
seja em Sorbonne
seja no meu quintal
seja em Washington
ou em Sobral

vou mesmo me embriagando
me desencontrando
me desencantando

porque o que fica
é o que está bem diante
dos meus olhos
de meu paladar
de meus ouvidos
diante mesmo do meu nariz
e de minhas mãos
que seguram firme
meu pau
pra te meter por trás.

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